sábado, 8 de setembro de 2012

Vagabundos que acham que podem falar de espiritualidade


Por: Rudy Rafael

Quedando-se inerte à vida o vagabundo não pensa, ele acha. Caso pensasse não seria vagabundo. A primeira consideração a ser feita sobre qualquer pessoa que fala sobre espiritualidade é se esta paga as próprias contas. Todo e qualquer blablablá sobre espiritualidade ecoado por um parasita deve ser sumariamente descartado, pois este intimidade alguma tem com a espiritualidade para que dela possa querer dispor. A ignorância, a hipocrisia e a má-fé acompanham os sanguessugas que acham que podem falar sobre espiritualidade e aquele que quiser buscar efetivamente o desenvolvimento espiritual não pode perder o seu tempo com o nada, eis que dos vagabundos nada espiritualmente útil sai. Vagabundos são sempre escravos de outrem e escravos não têm como ensinar alguém a se libertar daquilo que eles mesmos são cativos.

Um dos princípios mais básicos da espiritualidade é a liberdade. Através da busca adquire-se o conhecimento que liberta da ignorância. Deus, a Luz, é o conhecimento, a liberdade. O Diabo, as Trevas, é a ignorância, a escravidão. A Terra vive em guerras em razão da escravidão. Em todo lugar um quer escravizar o outro, seja material, emocional, intelectual ou espiritualmente. A pessoa espiritualizada não escraviza, não se deixa escravizar e tampouco aceita a escravidão alheia. O vagabundo é escravo, escraviza e aceita a escravidão alheia, pois depende de alguém para sobreviver e sendo escravo deve primeiro ver-se livre para depois querer libertar os outros. Na espiritualidade, assim como na vida, uma pessoa jamais pode querer pregar aquilo que não vive. A mudança é pela vibração e é o exemplo que faz vibrar, não as palavras.

Se o cidadão que fala sobre a espiritualidade, mesmo tendo plenas condições de trabalhar e prover o próprio sustento, se entrega à vagabundagem se transformando apenas em mais um come-dorme vivendo às custas dos outros, ele de fato não sabe o que é a espiritualidade, pois vive na escravidão, é hipócrita, por não viver o que prega, e age de pura má-fé, deixando-se ser sustentado pelos outros sendo um verdadeiro encosto. Estas pessoas, que se não fosse pelos outros não teriam nem papel para limpar a bunda, dizem que os outros dormem espiritualmente, quando na verdade os outros acordam cedo para trabalhar enquanto elas ficam dormindo. Naturalmente que alguém assim não tem a mínima aptidão até mesmo para falar que reencarnação existe, pois se soubesse disto saberia que a sua vagabundagem trará os frutos resultantes da vagabundagem.

Neste mundo, neste plano onde há divisão, cada um cumpre o seu papel na Grande Obra para este mundo, para este plano, e a Obra é o trabalho. Amar a Deus é ajudá-lo cuidando da sua obra, sendo jardineiro do seu jardim, trabalhando, cuidando, fazendo e agindo. Cada pessoa nasce com um propósito, uma função, um trabalho a ser feito para a humanidade e para a evolução interna. Ninguém ajuda a humanidade e a si sendo um vagabundo come-dorme que depende dos outros para viver, ficando sem fazer nada, só dormindo, comendo e arrotando o que diz ser espiritualidade. O cachorro faz o seu trabalho de latir ao perceber um estranho se aproximando da casa e até os vermes fazem o seu de decompor os corpos dos cadáveres. Seria vergonhoso para uma pessoa comprovar que é menos útil ao mundo do que um cachorro ou um verme.

Quando se diz que o conhecimento liberta não se trata apenas de uma alegoria ou de um simbolismo, a questão é literal mesmo. A pessoa que aprende se liberta e se torna autossuficiente, não precisando mais da outra que antes fazia aquilo por ela. Quem ama luta para tornar a outra pessoa plena, independente, livre. Ninguém é feliz e realizado dependendo dos outros. Quem aceita pacificamente a situação de dependência tem um espírito atrasado por demais. Por mais que a apatia da alma convença, o espírito não foi criado para isso. O espírito anseia por expansão, não restrição. Quem nas trevas está mantém a outra refém na prisão da dependência, fazendo-a sempre dependente dela para que assim ela possa exercer a escravidão e conviver com o seu próprio medo. Tudo sempre é questão de escolha: ensinar a pessoa para que ela possa se virar sozinha ou mantê-la presa fazendo para ela.

O sentimento de prisão é inerente ao próprio estado de estar encarnado. O espírito que outrora vivia fora da matéria naturalmente se sente preso dentro do corpo físico em que está e se existem situações que não podem ser evitadas, apesar de que devem ser aceitas para que sejam transcendidas, existem vivências que podem, como a escravidão. A espiritualidade não é apenas ficar falando de mundo cor-de-rosa com pessoas de mãos-dadas cantando Imagine e falando de Amor o tempo todo uma para a outra. A espiritualidade efetiva é libertar, dar independência, fazer as pessoas sentirem-se e serem livres, fazer com que ninguém seja escravizado por qualquer tipo de dependência ou opressão, seja material, emocional, intelectual ou espiritual. Dependência é restrição, restrição é escravidão e a espiritualidade é liberdade. Falar de espiritualidade vivendo de mendicância não existe.

A espiritualidade prática é fazer com que a outra pessoa compreenda que ela deve trabalhar para ter o próprio sustento e não ter mais que ficar pedindo dinheiro para os outros, o que lhe dará honra e dignidade ao se olhar no espelho. É fazê-la entender que deve ficar com uma pessoa unicamente por Amor e que qualquer relação que tenha a mínima fumaça de opressão e escravidão deve ser evitada. É motivar as pessoas para que procurem mais aprender a fazer as coisas do que preferir que outros façam por elas. É mostrar que ninguém precisa seguir alguém ou grupo espiritual algum, mas unicamente o seu coração. Isto é liberdade, isto é espiritualidade. A pessoa que se diz voltada à espiritualidade e que ao invés de libertar os outros os mantém cativos de seus supostos conhecimentos está servindo ao outro lado, pois é lá que está. Amar é querer ver a outra pessoa plena, não restrita.

Aqueles que tendo condições de trabalhar e se sustentar e mesmo assim não o fazem estão em uma rede de escravidão. Sendo escravizados pelos seus Senhores que lhes sustentam, escravizando as pessoas que lhes sustentam (ninguém por opção sustenta vagabundo) e nada fazendo contra a escravidão, já que a vivem e à abraçam, estas pessoas não têm como falar qualquer coisa sobre espiritualidade. Por sua ignorância da própria espiritualidade, que é libertação, sua hipocrisia, por não viver aquilo que pregam, e por má-fé, sendo que vivem imotivadamente às custas dos outros, não possuem legitimidade para falar do que é do espírito. Um cego não pode guiar outro cego e antes que alguém queira acertar a vida dos outros deve acertar primeiro a própria. Se a pessoa não consegue gerir a própria vida, muito menos poderá palpitar sobre a do outro.

No mundo atual as pessoas que nada têm a dizer têm liberdade para falar o que quiserem e assim muitos falam muita coisa. Sábios e gênios sobre toda sorte de assuntos não faltam, ainda mais sobre a espiritualidade; mas a espiritualidade é mais para ser vivida do que falada. O cidadão que trabalha, contribuindo da sua forma para o coletivo, e se sustenta com seu suor vive muito mais a espiritualidade do que o vagabundo que fica só arrotando mensagens espirituais por aí, mas que é sustentado pelos outros. Viver falando de espiritualidade é fácil; é só não ter o que fazer, falar qualquer porcaria genérica de senso comum com paz & Amor e pronto. Agora acordar cedo pra trabalhar, passar horas no trânsito, suportar tudo no trabalho e chegar em casa tarde e cansado, vagabundo não quer. É fácil ficar falando de espiritualidade quando tem outra pessoa ralando para sustentar a casa.

A espiritualidade também é usada para satisfação do Ego. Há pessoas que se satisfazem pelos bens materiais que possuem, outras pela aparência física, outras pelas titulações acadêmicas e há também as que se satisfazem com a atenção que ganham ao falar sobre a espiritualidade, um terreno fértil por trabalhar com a boa vontade e a fé das pessoas. Entretanto, o buscador ao se deparar com a eloquência encarnada em alguém que fala demais sobre a espiritualidade deve primeiramente questionar como esta pessoa ganha a vida. Se ela tem condições de trabalhar e se trabalha para se sustentar ou se é apenas um come-dorme vivendo às custas dos outros e que fica arrotando sobre espiritualidade o dia todo por não ter o que fazer e por ter quem lhe sustente. Vagabundos acham que podem falar de espiritualidade, mas a espiritualidade nada tem a ver com os vagabundos.

2 comentários:

  1. Irmão, o texto tá ótimo. Mas, A liberdade a que se refere a espiritualidade vai muito além do ganhar o pão com o suor e sangue transformado em moeda, o homem que seja escravo de si mesmo, pode discorrer sobre seus pensamentos até que lhe toque a necessidade de prover-se. A real espiritualidade é aquela em que se está inteiramente integrada na Natureza e no Eu. Muitos irmãos mendigam o pão por que foram privados do que lhes cabe da Mãe Terra, pelos homens, mesmo antes de seu nascimento. Todo aquele que trabalha para outro, ou se serve do trabalho do outro em benefício próprio, escraviza e é escravizado. O Homem Liberto e espiritualizado é livre a ponto de saber colher o que necessita no momento da necessidade, livre das preocupações e da imposição do mundo. Porém melhor seria, que todos mais agissem que falassem. Uma Vida verdadeiramente espiritual é vivida unicamente na esfera do Amor, que é o plano espiritual. Ninguém serve a Dois senhores, por que ou amará um e desprezará o outro, ou se devotará a um e esquecerá do outro, ninguém dedicar a Vida espiritual e ao mesmo tempo buscar o material, ninguém pode servir a dois senhores. Como você pode Ser livre e viver preso pela tempo, e dependente daquilo que pensam os outros? Você vive inteiramente na esfera do Amor, pra criticar os irmãos que estão no caminho? Irmão, não julguei para não ser julgado.

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  2. ah sim não penso todo igual ao texto, só o achei legal e cutucante para repostar aqui, conheço muitas pessoas que se dizem espirituais, mas que no dia a dia se contradiz, essa msg foram para elas, um puxão na orelha, uma água na bunda, não estou aqui como inquisidor por que hoje pavão amanhã espanador.

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