domingo, 31 de julho de 2011

Blog Pensassonhos - A Persistência da Memoria

Acessem o texto original no http://pensassonhos.blogspot.com


Artexto de Israel Silva!!!





(lembranças solutas em sentimentos quase póstumos)

INTRODUÇÃO

No escuro
Vértice                                                                                                                        
                              Vórtice
Córtex

— Engraçado, sempre me lembro da chuva
                                                                    e
                                         Do céu nublado e
Da admiração que tinha pelos raios.
Raios.
! Que os invoco agora !
Pois você que outrora minha nuvem
Pois você que outrora
em mim
precipitou-se como um temporal
                                                             atemporal
(com tudo que lhe constrói o caráter: ventania, raios, fúria etc.).
— Você aqui persiste.
                                        na memória.
Nas minhas janelas, nos meus memory cards

Neurais                                 
                                   Cerebrais
Celebrais

Aliás, não apenas tu, Outrora. Outros seres também persistem aqui.
Também persistem:
Vós. Vós todos que aí estão.
(marimbondos do meu passado)
Vocês, que persistem em minha memória, são testemunhas de que existi, assim como eu testemunho a existência ainda que passada de vocês.
Justo.
...

PARTE I

Verdade. Atesto que, Sim, existi. Fui real um dia, tive história.
Já a morte...
A morte
Contêm-se
Em sua insignificância.
Pois nem a morte é capaz
De capturar a luz tão incidente
Do passado persistente
Paz                                                                                                                            
                      Fugaz

A morte não sobrepuja a memória da vida.
Sim, pois o próprio universo lembrar-se-á
                                                                            Da vida.
(amém)
...

PARTE II
Eis que eu, então, sendo filho do Pai,
Filho direto do universo, da existência...

[re]
     resistência
          (r)existência                                                                                       persistência

— Eu, sendo filho feito à Sua imagem e semelhança:
                                      Lembro.
           

Temos a dádiva da mente
e na mente temos memória.
...
PARTE III

Lembro do tom da primeira rosa e
Da terra que a circundava.

(Terra vermelha. Rosa vermelha. Formigas vermelhas).

Assim como tatuei no campo das lembranças os lábios teus.

Ver                                                                bios     
                                                    Melhor
Melhor                      Me                           Ver
Vermelhos...
(lábios)

— E não quero e não vou esquecer-te! Pois és tu, Outrora, a minha nostalgia analgésica.

...

PARTE IV

Ah, não me conformo com o esquecimento. Falo do esquecimento proposital, da fraqueza psicológica que nos pede para esquecer.
Considero o cúmulo do desprezo
(e mesmo do desrespeito)
abandonar fragmentos recicláveis
da vida própria em
páginas quaisquer na
lixeira do Nunca Mais,
e jogar o Antes
aos vermes.

(esquecer assim é peneirar o Sol com nuvens)

...



PARTE V

 Aos                                                             Vermes.                                            
  — Nuvens.
Rever           ver          mês       chuva      cumulonimbus
Vermes     
                                              Vermelhos

Eu bem que poderia esquecer
aquelas palavras,
aqueles vermes vermelhos
saindo da boca daqueles
 que me ofenderam
E me sugaram o sangue
Vermelho
Naquele mês, naquele dia chuvoso, nublado, lampejante.

“Engraçado, sempre me lembro da chuva, do céu nublado, da admiração que tinha pelos raios.”

Poderia também esquecer
o escuro que se expandiu 
no vórtice da minha amargura
no vértice da minh’alma.

Mas não me esqueço não, pois lapidar minha aflição foi aprendizado autodidata.. Aprendi a caçar por ter me enfadado de ser presa. Aprendi a amar o escarlate.

...

PARTE VI

Portanto eu lhe rogo, querida: Não te esqueças de mim.
Não...
Sejas testemunha de que eu existi e
Seja prova viva
De um amor que existiu.
Façamos um pacto para não dissiparmos a memória já esparsa de nossa história.

Então seremos
Testemunhas
De uma força que move a humanidade.
Assim sorriremos quando chegar o dia
De testemunhar
No Juízo Final.

...

FINAL

Rogo à vocês também,
À todos vocês que ainda vivem,
Imploro à vocês que ainda persistem enquanto eu fui embora já:

Não
Se esqueçam
De mim.

Não
Se esqueçam
Da vida.

Não esqueçam os aprendizados mais valiosos, não esqueçam os sentidos de estar no mundo.
No final das contas,
Gritemos um brado fragoroso, mais que retumbante
                                                                                          Para que Tudo que Há
Também se lembre de nós depois de partirmos.

Um dia o Universo há de sentar-se. Neste dia ele se lembrará de nós. Sejamos a Persistência da Memória da Existência.
Aqui vai uma mensagem para o pós:
— Nós estivemos aqui.
PS: Amo-te. Um beijo.

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